7.7.06

Falando de música

Estava visitando um dos blogs favoritos, o Memória Musical, do meu querido amigo, Cassiano Scherner – ele foi meu professor na faculdade e sem dúvida que foi o melhor, pois utilizou a amizade e não a autoridade para adquirir respeito, pena que aqui na Bahia, as pessoas só sabem ter medo e é por isso, que o Coronelismo ainda é a melhor forma de governo.

Bem! Voltando ao “Memória Musical”, passear por ele me faz lembrar a minha infância, mas ao contrário de Cassiano que é um “memorialista”, eu sou um “saudosista” (a diferença é que ele só se recorda e eu queria que o tempo voltasse), pois “Eu me lembro com saudade o tempo que passou, o tempo passa tão depressa mas em mim deixou, jovens tardes de domingo, tantas alegrias velhos tempos, belos dias...”.

Hoje, estava me deliciando com o texto “Um grupo musical que não come mosca – Parte I”, pois nomes como Marcos Valle, Ronaldo Bôscoli, Hyldon, Clara Nunes, Belchior, João Nogueira, Odair José, Raul Seixas, Erlon Chaves e Tim Maia são mais que familiares, tanto para meus ouvidos quanto para minha literatura.

O ponto mais emocionante para mim foi quando Cassiano sugere “escutar a música-tema do filme “Bye-Brasil” de Cacá Diegues ... cantada por Chico Buarque”. Além do sogro de Carlinhos Brown ser meu compositor preferido, “Bye, Bye Brasil”, toca a fundo todos aqueles que um dia teve quer sair do Brasil.

Outro dia, estava assistindo o “Boa noite Brasil” e em uma das brincadeiras com música, os participantes tinha que ouvir e reconhecer a voz de quem estava cantando. E somente Gretche reconheceu a voz de Dick Farney e Agostinho dos Santos, (que estão na trilha sonora da minissérie JK).

Hoje, eu fico triste em ver por todo canto – até na minha lista do msn – tudo quanto é banda que se diz “de pagode”. Pagode pra mim, quem faz é Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho,Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Originais do Samba, entres outros. Isso que aqui toca, utiliza quase sempre a mesma introdução, a mesma melodia e o mesmo esquema rimático de sete palavras tônicas e eu nem quero falar das letras. Que pobreza!

Tudo bem, gosto não se discute, mas existe gosto, mau gosto e desgosto. Qual banda de ‘pagode’ que tem mais publico do que Djavan? Qual deles tocarão algum dia no Olimpya de Paris como Originais do Samba?

Pra falar a verdade, quando escuto uma dessas bandas tocando, lembro-me imediatamente, da música de Adelino Moreira que ficou imortalizada na voz de Nelson Gonçalves: “seresta moderna não tem poesia... um gaiato cantando sem voz, um samba sem graça, desafinado que só vendo e as meninas de copo na mão fingindo entender mas na verdade, nada entendendo...”

Resta-me recordar “daquelas tardes de guitarras, sonhos e emoções” com a Blitz, de Evandro Mesquita, agradecer a Cassiano pelo seu blog e como Adelino, termino esse meu texto também amargurado por ver a música ser tratada assim.
jp

4.7.06

A vida de um espírita

Ser espírita não é fácil, principalmente aqui na miscelânea baiana.

Aqui todo mundo tem medo de quem é espírita. Evangélico, testemunhas de Jeóva, "candomblezeiro" e CIA LTDA.

Meu pai é católico, ele colocou uma faixa escrito: "SOU CATÓLICO", para evitar aquele terrível: "OH DE CASA", aos domingos de manhã. Mas depois fui ver, que esse "OH DE CASA" acabou não por ele ser católico, mas sim por ele ter um filho espírita.

Teve uma vizinha que um dia me perguntou qual era a minha religião. Normalmente eu respondo com uma frase de Gandhi - "Minha religião é um assunto particular que só diz respeito a mim e ao Criador" – Mas não poderia dar essa "dura" na criatura...

Aí disse que não tinha religião (“serviço ou culto a Deus, expresso por meio de ritos, preces e observância do que se considera mandamento divino, que possui um sistema dogmático e moral além de veneração às coisas sagradas”), mas que era espírita – pois espiritismo (doutrina filosófica de conseqüências físicas e morais), só é religião no Brasil – pois não fazemos cultos, não temos ritos nem objetos de veneração como os católicos por exemplo.

A criatura me olhou com uma pena e disse: “oh meu filho, você uma pessoa tão educada e é espírita, sua mãe sabe disso?”. E sem entender ainda a ligação de educação com espiritismo, respondi que minha mãe também é espírita. A cara deixou de ser de pena para ser de decepção, ela só faltou dizer: “uma senhora tão distinta se prestar a uma coisa dessas”.

Tirando isso, vem os curiosos: “você fala com espírito?”. Falar eu até que falo, eles me responderem, são outros 500. Outra pergunta que me fazem muito. “EU TENHO ESPÍRITO?” e eu digo “Não, você não tem espírito, você tem um corpo”. E quando tenho que decifrar os sonhos??? “Sonhei com meu pai que morreu, ele me deu um recado, mas não me lembro, você sabe o que ele queria me dizer?”.

E quando morrem alguém aqui por perto? Depois da minha monografia, ganhei cadeira cativa nos ônibus. Aí me aparece um pedindo para que eu diga palavras bonitas como de Chico Xavier. Aparece outro perguntando: “Fulano (o defunto) ele tá onde agora, ele está aqui vendo o enterro dele? Quando eu morrer eu vou vim ver meu enterro”.

Mas o mais irritante é quando me aparece pessoas de outras religiões que vem diretamente a mim tentando me convencer com um discurso filha da mãe. “você sabia que nos centros espíritas tem muito viado e sapatona?”. E o que tem de mal em homossexualismo? “Você acha certo ter a pessoa que bebem e usam drogas nos centros?”. Eu não bebo nem fumo e acho errado, todos que fazem isso não importa onde.
Pois é! Quem tiver querendo saber um pouco mais sobre espiritismo, leia o “O evangelho, segundo o espiritismo” de Allan Kardec. Também aconselho a visitarem o site da Mansão do Caminho do meu querido Divaldo Franco.

3.7.06

Onde você estava quando o Brasil perdeu?


Essa é a pergunta que todo mundo faz. Eu estava na casa da minha irmã com ela e Laura (essa torcedorazinha aí). E sinceramente, já estava de saco cheio da “metidez” da torcida brasileira na Alemanha.

Mas meu coração já esperava o pior, pois tinha visto a Argentina e Espanha serem eliminadas da copa e sabia que coisa boa não estava por vir.

Quando o jogo terminou, fiquei pensando nas coisas boas que iriam me acontecer, como poder dormir sossegado, sem fogos para me acordar. Sem ter que ouvir a voz de Galvão Bueno sendo ecoada por todo canto pedindo a energia boa do Olodum (se tivéssemos energia boa para futebol por aqui, o Bahia e o Vitória não estaria na terceira divisão) e além disso, acabavam esses falsos feriados durantes os jogos.

Só fui sentir o sabor da derrota quando cheguei em casa. Vi as bandeirolas verde e amarela que enfeitavam as ruas sendo queimadas; vi comerciantes perguntando o que iriam fazer com tantas camisetas das cores nacionais; vi crianças chorando por verem, pela primeira, vez seus ídolos eliminados e idosos por temerem não ver mais o seu pais ser campeão; vi jovens soltando fogos com expressão de revolta no rosto; vi os empregados de bares, restaurantes, domésticos comentando que acabaram as folgas... Foram esses brasileiros que me fizeram chorar. Aí sim, doeu o coração...

Mas essa copa, me deixou muito feliz, pois vi que meu povo tem sentimento, vi o povo sabe exigir mudanças, sabe demonstrar insatisfação e pela primeira vez, não vi a cerveja fazer ninguém esquecer o que aconteceu. Já imaginou se conduzíssimos essa vontade de mudança para a política? Qual o político que aguentaria o que Parreira aguentou? Pois é, o nosso país seria outro e aí poderíamos ou poderemos cantar: “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...”.
jp