20.12.10

Ação Cidadania


Durante os meses novembro e dezembro fiz um curso de incentivo a leitura na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato – BIML – Oferecido pela Ação Cidadania, para lideres comunitários em Salvador, com o professor de literatura Nelson Maca. Nelson é uma figura do outro mundo, alto, negro, com um black power diferenciado, divertidíssimo e com um humor fora do normal.


O curso foi maravilhoso, as aulas, o convivio, o intercambio com pessoas de outros bairros, outras culturas, outras religiões… Vi o Baleiro apaixonado por poesia, que formou os filhos em curso superior, vendendo balas, chocolate, declamando poemas. Vi o palhaço do circo sem lona, que vive para alegra as crianças na rua. Haja emoção, Haja amor.


Na semana pasada, fomos para a Concha Acústica do Teatro Castro Alves, para o show da orquestra NEOJIBA em que os ingressos foram trocados por um livro, um brinquedo, ou um quilo de alimento.


Fomos arrumar em um dos depositos o que foi arrecadado com as doações. Tem muita gente que ainda teve o carinho e o cuidado de embrulhar em papel de presente, os livros e os brinquedo. Até catalago telefonico foi doado, só tive pena de não saber o nome deste infeliz para mandar o catalago para mãe dele.




No domingo, acordei cedo para ir à festa de confraternização, do fim do curso, na BIML. E por pouco eu não iria, pois fiquei 50 minutos esperando o ônibus no final de linha. Falei com minha mulher – que não iria mais, estava retado da vida, ela disse que não, que iriamos sim e na mesma hora, Raimundo Bandeira, o coordenador do Ação Cidadania, aqui em Salvador, ligou perguntando por mim, eu expliquei que estava esperando ônibus e desistir da idéia de voltar para casa.


Quando cheguei no bairro de Nazaré, do lado de fora da biblioteca, estava um grupo de chorinho, Carinhoso, Brasileirinho, Morena Bela, Renúncia eram tocadas enquanto casais de todas as idades dançavam na maior harmonia. A segurança também tem que ser destacada, pois a polícia militar estava presente, como nunca tinha visto, pois os policiais estavam na maior disposição, com sorrisos nos rostos olhando para nós no maior carinho.


Tudo maravilhosamente bem, pude começar a fotografar a festa, as apresentações, os artistas desconhecidos, as crianças... Quando saio para fotografar, tento ser mais discreto possivel, para não perder nenhum sorriso espontâneo que um fotógrafo que gosta de aparecer perder. Então, roupas discretas. Quando parei para ver uma apresentação do Palhaço, uma senhora do Ação Cidadania me fez uma convite inusitado. “João, Você quer ser Papai Noel?”. Eu disse: não, sou magro, novo e muito tímido. O que realmente é verdade.

A senhora, educadamente, não insistiu. Mas o meu amigo que me acompanha sempre, Gil Vicente, sentou-se ao meu lado e perguntou-me: “vais perder a oportunidade de receber o presente de Maria, a mãe do aniversariante?”. Aí meu algoz, Raimundo Bandeira, chega mais uma vez e pergunta para mim, sem tirar uma vírgula: “João, Você quer ser Papai Noel?”. Com a pressão não deu outra, virei o bom velhinho.


Aí veio o primeiro problema, lembra do fotógrafo discreto? Foi por água abaixo! Esquece! Não existe coisa mais chamativa do que um Papai Noel querendo fazer fotos num Sarau Infantil. Segundo problema: O que é mesmo que o Papai Noel faz? Oh meu Deus, onde fui parar? Lembrei de um vizinho que pertubei até hoje, por ter se vestido de papei Noel, Rudval, e disse “Meu castigo veio a galope”. Pensa que acabou? Meus problemas estavam apenas começando. Chegou uma criança e me pediu um presente. Cadê meu saco? Cadê o saco de Papai Noel, sr. Raimundo??? Ouvir o pega o saco, pega o saco. Aleluia, lá vem o meu saco. Mas mesma hora eu perguntei pelo goleiro do Mazembe, “Quidiaba eu quero um saco vazio?”. Mas sr. Raimundo Bandeira me salvou, encheu o saco do Bom Velhinho de brinquedos e fui ver o Sarau Bem Legal, das crianças do professor Nelson Maca. Programei a câmara no modo automático e dei para uma amiga fotografar.


Enquanto, estava sentando quando as criancinhas começaram a olhar para mim, de um jeito doce, carinhoso, meigo, cheio de amor, aí não aguentei, as lágrimas rolaram diversas vezes. Passei anos esperando o bom velhinho e de repente, eu era Papai Noel.




A cada presente dado, era um sorriso, um abraço, um beijo que eu ganhava de forma tão espontânea. E pedir desculpas ao aniversariante por ter me aborrecido no ponto de ônibus e agradeci a Maria, mãe do Menino Jesus, pelo melhor presente que tive na vida. Estavam presente no Sarau Bem Legal, muitos bons espíritos e mesmo não tendo visto, sabia que nossa querida Dulce estava presente.


Feliz Natal

E um 2011 cheio de alegrias.

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